TBT TRICOLOR: SÃO PAULO CAMPEÃO PAULISTA DE 1998

Imagem do time campeão do Paulistão de 1998. Crédito: Divulgação SPFC

São-Paulinos de plantão!

Sei que hoje não é quinta-feira, mas o 10 de maio merece uma atenção especial, afinal de contas, é o dia que Raí retornou ao Morumbi e ajudou o São Paulo a conquistar o Campeonato Paulista de 1998, em cima do maior rival, Corinthians. E o curioso é que essa história começou alguns meses antes, mais especificamente em 25 de janeiro daquele ano.

Tricolor jogou um amistoso contra um combinado de Santos e Flamengo, no Cícero Pompeu de Toledo, que marcou a reabertura do estádio após reformas e a volta do grande ídolo ao Brasil. Apesar de ter atuado naquela partida, quer terminou em 1 a 1, o então jogador do Paris Saint-Germain ainda tinha compromissos a cumprir na França e jogou mais quatro meses na equipe de Paris.

Enquanto isso, o time comandado por Nelsinho Baptista precisou se recuperar do vice-campeonato do Rio-São Paulo, diante do Botafogo. Aliás, esse foi o terceiro vice consecutivo dos são-paulinos, já que em 1997 perdeu a decisão do Paulista para o Corinthians e a final da Supercopa dos Campeões da Libertadores para o forte River Plate, da Argentina. 

O INÍCIO DA CAMPANHA

Entrando na segunda fase do estadual, o Tricolor logo na estreia venceu o clássico contra o Santos, na Vila Belmiro, por 3 a 2, o que recuperou a confiança na Barra Funda. O time, que contava com Dodô, França e Denílson, foi crescendo na competição e acabou fazendo a melhor campanha entre todos os times. Isso fez com que chegasse com a vantagem de jogar por dois empates na semifinal e, posteriormente, na final.

Raí disputa bola com Sylvinho do Corinthians durante decisão de 1998. Crédito: Divulgação SPFC

Na semifinal, o duelo foi com o Palmeiras. No primeiro jogo, o time de Luiz Felipe Scolari começou melhor e abriu o placar, com Roque Júnior, mas foi pouco. No fim do primeiro tempo, Paulo Nunes teve a chance de ampliar o marcador em um pênalti, mas acertou a trave. No segundo tempo, o SPFC mostrou sua superioridade.

Após bola cruzada da esquerda, Denílson invadiu a área e empatou em 1 a 1. A virada veio no finalzinho, com Dodô. Aos 47, o então Camisa 10 recebeu na área e tocou na saída de Velloso, garantindo o triunfo. Na partida seguinte, França tomou conta do jogo e levou o Clube da Fé para a final ao fazer dois gols na vitória por 3 a 1. O outro tento tricolor foi feito por Rogério contra. 

A REVANCHE

Vaga assegurada na final e o adversário era novamente o Corinthians, que eliminou a Portuguesa. Neste confronto, o alvinegro foi beneficiado pela arbitragem do argentino Javier Castrilli, que marcou pênalti após o zagueiro César "botar" a mão na bola dentro da área. Na verdade, a bola bateu no peito! O fato é que o lance garantiu o empate em 2 a 2, resultado que levou Marcelinho Carioca e companhia para a final.

Era a chance do Tricolor se vingar da derrota do ano anterior. Agora, o time de Nelsinho Batista jogava por dois empates, justamente por ter feito melhor campanha. Só que isso foi pelos ares após o primeiro jogo, ocorrido no dia 3 de maio. Em um domingo chuvoso, os corintianos venceram por 2 a 1 e obrigaram Rogério Ceni e sua trupe a vencerem a segunda partida por qualquer placar para serem campeões. A verdade é que os comandados de Vanderlei Luxemburgo nem imaginavam a bomba que o São Paulo estava preparando.

França coloca o São Paulo na frente contra o Corinthians em 1998. Crédito: Divulgação SPFC

No dia 5 de maio, Raí rescindiu de vez o contrato com o PSG e retornou ao Brasil para poder se apresentar no CT da Barra Funda, já no dia 7. Na época, o regulamento do Paulistão permitia a inscrição de jogadores a qualquer momento, então o clube do Morumbi correu para regularizar a situação e deixar Nelsinho a vontade para escalá-lo. Após reunião na véspera do jogo, Dodô, o craque da equipe, cedeu seu lugar e o treinador decidiu colocar o grande ídolo da torcida entre os titulares. Uma atitude de risco, afinal de contas, se algo desse errado, com certeza a crise seria grande.

O TERROR DO MORUMBI

Mas estamos falando de Raí, o cara que até então tinha marcado sete gols em 15 Majestosos, incluindo os três que garantiram o título de 1991. E não deu outra! Ele fez o rival tremer e ainda justificou a música cantada pela torcida que dizia "Raí, Raí o terror do Morumbi". Aos 30 do primeiro tempo, após cruzamento da direita, o Campeão do Mundo de 92 completou de cabeça e abriu o placar! O 1 a 0 já era suficiente para o caneco.

No entanto, havia algumas emoções preparadas para os são-paulinos. No início do segundo tempo, Didi fintou Capitão dentro da área e encobriu Rogério Ceni, empatando o duelo. O 1 a 1 dava novamente o título ao Corinthians. Tensão no Morumbi! Mais uma vez o time perderia para o maior rival? Viria o quarto vice consecutivo? Definitivamente, não!

Aos 11 minutos, Raí fez linda tabela com França e viu o atacante fazer 2 a 1 após tocar no cantinho do goleiro Nei. O título voltava para o Clube da Fé! A partir daí, a pressão adversária foi enorme. O fato é que o time suportou bem e ainda fez 3 a 1, com o próprio França, após linda jogada de Denílson pela esquerda. Melhor forma do Camisa 11 se despedir, já que aquele era seu último jogo pelo São Paulo. Em seguida, ele foi para a Espanha jogar pelo Bétis.

Finalmente chegou o tão esperado título oficial! O último tinha sido a Copa Conmebol, em 1994. Ao final, a festa foi grande. Dessa vez, não teve vice-campeonato e o troco foi dado ao rival com juros e correção. Tricolor campeão! Parabéns pelos 23 anos desta conquista inesquecível!

FICHA DO JOGO:

SÃO PAULO 3x1 CORINTHIANS
Data: 10/05/1998
Local: Estádio Morumbi
Público: 79.710 pagantes
Árbitro: Sindrack Marinho dos Santos
Gols: Raí (30' 1T), Didi (5' 2T), França (11' e 37' 2T).
SÃO PAULO: Rogério Ceni; Zé Carlos, Capitão, Márcio Santos (Bordon) e Serginho; Alexandre, Fabiano, Carlos Miguel (Gallo) e Raí (Aristizábal); França e Denílson. Técnico: Nelsinho Baptista.
CORINTHIANS: Nei; Rodrigo (Didi), Cris, Gamarra e Silvinho; Romeu (Edílson), Vampeta, Rincón e Souza (Marcelinho Souza); Marcelinho Carioca e Mirandinha. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Vai, São Paulo!



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