São-Paulinos de plantão!
O Brasil ficou preto, branco e vermelho pela terceira vez! No dia 9 de junho de 1991, o São Paulo finalmente pôde soltar o grito de tricampeão da garganta ao vencer o Campeonato Brasileiro, após empatar em 0 a 0 com o Bragantino, em Bragança Paulista. Nos dois anos anteriores, o clube havia perdido as finais para Vasco e Corinthians, respectivamente.
Em 91, o torneio foi disputado por 20 clubes, em um formato de todos contra todos em turno único. Os quatro primeiros se classificavam para as semifinais, em sistema eliminatório, com jogos de ida e volta. A decisão também foi disputada em duas partidas, com a equipe de melhor campanha acumulada (no caso o Bragantino) definindo em casa.
Mas até Raí levantar o caneco no interior paulista, o Tricolor passou por uma caminhada longa e tortuosa.
COMEÇO TENSO!
Tudo começou em 1990. O então técnico do Clube da Fé, o uruguaio Pablo Forlán, deixou a equipe em um momento tenso. Naquele primeiro semestre, os tricolores terminaram o Campeonato Paulista em 15º, ou seja, foram um dos últimos colocados. Isso causou uma crise enorme, fazendo com que o ex-lateral e ídolo da torcida fosse embora.
Uma decisão difícil, mas que foi fundamental para o sucesso dos anos seguintes. E por quê? Porque depois disso chegou Telê Santana para comandar o abalado time. Inicialmente com um contrato temporário, o Fio de Esperança foi aos poucos acertando o grupo e conseguiu chegar à final do Brasileiro de 1990. Uma surpresa até então! Infelizmente, o título ficou com o Corinthians, mas a verdade é que uma semente valiosa havia sido plantada naquele momento e começou a gerar frutos logo no Nacional seguinte, iniciado pouco tempo depois daquela final com o rival.
A base do time era praticamente a mesma que terminou o ano anterior. Chegaram apenas o meia Rinaldo (Fluminense) e o jovem atacante Macedo (Rio Branco de Americana), que vieram para os lugares de Alcindo e Diego Aguirre. E o início na competição foi avassaladora.
A SORTE MUDOU
Mostrando que as coisas seriam diferentes, o Tricolor estreou logo batendo o Atlético-MG, por 3 a 0, no Mineirão, com gols de Eliel (2 vezes) e Flávio. Mesmo com alguns tropeços nas rodadas seguintes (perdeu para Flamengo, Santos e Náutico), o São Paulo não deu sopa para o azar e terminou a primeira fase na liderança, com 26 pontos. O Braga também atingiu essa pontuação, mas os paulistanos ficaram na frente pois tinham duas vitórias a mais. Dessa forma, as semifinais seriam São Paulo e Atlético-MG e Bragantino e Fluminense.
No primeiro duelo, em BH, a tensão começou a tomar conta logo aos 16 minutos, quando o zagueiro Antônio Carlos foi expulso. Mesmo assim, Telê e companhia se mantiveram firmes, tanto que Mário Tilico abriu o placar ainda no primeiro tempo após lindo lançamento de Raí. Esse foi o primeiro gol importante marcado pelo ponta. No segundo tempo, a pressão mineira foi tão grande que o empate saiu com Cléber, mas foi só. O 1 a 1 foi bom para o Tricolor no final das contas. Na volta, o 0 a 0 foi o suficiente para garantir a vaga para a finalíssima. Era a chance de acabar com a angústia de ter perdido os títulos de 1989 e 1990.
AS BATALHAS FINAIS
Mas o caminho prometia ser complicadíssimo, afinal de contas, o adversário era o forte Bragantino, de Mauro Silva e Carlos Alberto Parreira, que, com a soma dos resultados acumulados da semifinal, tinha o direito de jogar a grande decisão em sua casa. Em resumo, o título viria após duas grandes batalhas.
A primeira, no Morumbi, aconteceu em 5 de junho, uma quarta-feira. Jogo truncado e pegado. Ao contrário das últimas vezes, o SPFC conseguiu vencer. 1 a 0, com direito a outro gol importante de Mário Tílico. Após furada de Muller na área, ele pegou a bola em cheio e acertou o canto direito do goleiro, para a euforia da torcida.
A vitória deu o direito de Raí e companhia jogar pelo empate, no interior. E isso foi fundamental. Em outro jogo duro, Zetti começou a mostrar o gigante que era debaixo das traves, tanto que pegou até vento naquele 9 de junho de 91. No fim, o 0 a 0 garantiu o Tri. Era o fim da sina de não vencer finais de Brasileiro! Finalmente, tricampeão! E mais, o título garantiu o início de uma das maiores eras da história do futebol brasileiro. Ali, o São Paulo aumentou novamente o seu patamar!
Parabéns pelo feito, Tricolor! Abaixo, a ficha da decisão:
BRAGANTINO 0X0 SÃO PAULO
09/06/1991
Estádio Marcelo Stéfani, Bragança Paulista
Campeonato Brasileiro
BRAGANTINO: Marcelo; Gil Baiano, Júnior, Nei e Biro Biro; Mauro Silva, Ivair (Luiz Muller), Alberto e João Santos (Franklin); Mazinho e Sílvio. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
SÃO PAULO: Zetti; Zé Teodoro, Antônio Carlos, Ricardo Rocha e Leonardo; Ronaldão, Bernardo, Cafú e Raí; Macedo e Muller (Flávio). Técnico: Telê Santana.
Vai, São Paulo!
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