SPFC: ENTENDA O QUE ESTÁ EM JOGO COM A VOTAÇÃO DO CONSELHO

Sala onde acontece as reuniões de conselho no São Paulo. Crédito: Reprodução

São-Paulinos de plantão!

Se não bastasse o sufoco passado dentro de campo no Campeonato Brasileiro de 2021, o São Paulo também vive momento de tensão fora das quatro linhas. Nesta quinta-feira (16/12), o Conselho Deliberativo do clube se reúne para votar alterações no estatuto, que vão permitir mudanças que prometem ser danosas para o Tricolor

De acordo com os conselheiros, tudo está feito dentro das regras e o processo é legal. No entanto, o fato é que essa manobra é preocupante, pois pretende deixar a instituição ainda menos democrática, enfraquecendo uma possível oposição. Para piorar, a reunião será virtual, ou seja, com cada indivíduo votando de sua casa. No mínimo, estão com medo da torcida comparecer ao Morumbi e protestar.

Vale lembrar que quando Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, foi eleito presidente, em 2017, o estatuto teve uma grande reformulação. Agora, a ideia é alterar de novo. Abaixo, selecionamos alguns pontos importantes que serão discutidos na reunião e que pode prejudicar o SPFC. 

Confira:

1 - Volta da reeleição
Pelo atual estatuto, o mandato do presidente dura três anos sem direito à reeleição. Com a mudança, o gestor vai poder se candidatar novamente e o mandato pode durar até seis anos. Isso pode ser ruim e também pode ser bom. Tudo vai depender da competência do presidente. A mudança já valeria para a atual gestão.

2 - Diminuição do número de conselheiros
Hoje o São Paulo possui 160 conselheiros vitalícios e querem diminuir para 120. Além de deixar o colégio eleitoral ainda mais restrito, essa diminuição influencia no tópico seguinte. 

3 - Mudança na dinâmica da elaboração da inscrição de chapas para Assembleia Geral Eletiva
Aqui a coisa é grave! Atualmente, é possível inscrever para a eleição uma chapa presidencial com 55 conselheiros vitalícios. Também é permitido que, se uma ou nenhuma chapa conseguirem as 55 assinaturas, a inscrição é permitida caso haja assinatura de 40 vitalícios. Assim, é possível a existência de até três chapas concorrendo ao cargo maior no clube.
Com o novo formato, ocorre a seguinte mudança: se nenhuma chapa tiver 55 nomes, ainda poderá se inscrever com o número mínimo de 40. Acontece que, com a diminuição de 160 para 120 conselheiros, a formação de uma segunda chapa fica bem mais complicada, ou seja, muito provavelmente o SPFC terá candidatura única para presidente. Basta ter a união de 66 conselheiros para impedir a existência de uma chapa concorrente. Isso é péssimo!

4 - Mudança no Conselho Consultivo
O Conselho Consultivo é formado por sócios-beneméritos e ex-presidentes do Conselho Deliberativos e da diretoria. Atualmente, só é permitida a entrada no órgão quando o mandado se encerra. No novo estatuto, a entrada do indivíduo é dada depois de 12 meses no cargo, dando-o direito a decidir quem irá concorrer a conselheiro vitalício. 

5 - Mudança no Conselho de Administração
Hoje, o Conselho de Administração é formado por nove membros: vice da diretoria, três membros independentes de fora do SPFC, dois do Conselho Consultivo e dois do Conselho Deliberativo. Tirando os conselheiros, os outros são profissionais remunerados. Com a mudança, acabariam a remuneração e a profissionalização. Isso também é ruim, afinal de contas, pode haver uma "queda de nível técnico" e profissionais de alto gabarito não topariam trabalhar de graça para a instituição.

É realmente grave! Moralmente falando, infelizmente o São Paulo já foi rebaixado. Se essas tais mudanças forem para frente, a queda no campo para a Série B tem tudo para acontecer em breve. E mais, com esse modelo de gestão fechado e centralizador, disputar a segunda divisão será o menor dos problemas para o Tricolor.

Enquanto clubes estão virando empresa no Brasil, o São Paulo parece que nem está aberto para essa discussão. Não estou dizendo que virar SA é a solução de tudo, mas esse debate é necessário. Discutir essas mudanças no estatuto no momento é andar para trás! Realmente, os próximos anos do Clube da Fé serão difíceis!

Vai, São Paulo!







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